No dia 10 de fevereiro de 1922, José Gabriel da Costa veio ao mundo na localidade de Coração de Maria, próxima a Feira de Santana, na Bahia. Seus pais eram Manoel Gabriel da Costa e Prima Feliciana da Costa, modestos agricultores. Ele é o oitavo de 14 irmãos, criados sob a fé católica e no trabalho cotidiano na fazenda.
O dia 10 de fevereiro é uma data especial para a União do Vegetal.
DA INFÂNCIA À JUVENTUDE
José, apelidado carinhosamente de José, aprendeu a ler e escrever por conta própria e frequentou a escola por pouco tempo – apenas três meses. Seu professor disse a seu pai que não tinha mais nada a ensinar a ele e, como não havia outra escola na região, José encerrou seus estudos ali mesmo.
Com 20 anos, ele partiu para Salvador (BA), trabalhou no comércio e também como condutor de bonde. Na capital, ele teve contato com várias religiões, “buscando uma verdade”, como relatou seu irmão, Antônio Gabriel. Lá, frequentou terreiros de candomblé, onde se apresentava como Sultão das Matas. Aos domingos, praticava capoeira na praia de Amaralina, onde era conhecido como Zé Bahia devido à sua agilidade.
DO SERTÃO À FLORESTA
Sua estadia em Salvador foi breve. Durante a Segunda Guerra Mundial (1943), o governo brasileiro, com o objetivo de aumentar a extração do látex das seringueiras nativas da Floresta Amazônica, recrutou um grupo de “soldados da borracha” e ofereceu aos jovens nordestinos a oportunidade de ir para a Amazônia para colher seringa. Em 1944, sem poder se despedir adequadamente, José Gabriel escreveu uma carta para sua família e embarcou em um navio com destino a Belém (PA), seguindo para Porto Velho, na época capital do Território Federal do Guaporé, atual Rondônia.
Nessa região, José Gabriel da Costa trabalhou em diferentes seringais no Acre, Rondônia e também na Bolívia, onde teve seu primeiro contato com o chá Hoasca (ayahuasca) em abril de 1959.
ALGUNS FATOS NA LINHA DO TEMPO